O que significa ser normal?

É uma pergunta que sempre despertou em todos os psicólogos muita dúvida.

Uma resposta aparentemente correta, é : “estar em paz consigo mesmo”.

Porem esta definição nos traz um questionamento quanto à questão evolutiva:

-“Estar em paz” (no sentido passivo) é bom para o processo evolutivo?

Certamente enquanto não se alcançar o ápice do caminho evolutivo, as neuroses e agitações mentais são ainda necessarias para o crescimento em todos os niveis.

Jung afirma:

-”Ser normal é um esplêndido ideal para quem não consegue se-lo, mas para todos aqueles que possuem dotes superiores à media (…), a normalidade significa restrição”.

Não há progresso, sem conflitos, sem crises interiores, sem sofrimentos, sem luta contra a renovação e evolução.

A neurose é uma tentativa de uma nova expressão de vida que se choca com o progresso e a evolução humana.

A neurose sempre foi considerada como disturbio psicológico, desequilibrio de comportamento. Porem tal conceito já está ultrapassado e a atitude atual é a de considerar como uma oportunidade de crescimento interior, um esforço da personalidade para se libertar das limitações do passado.

Logicamente que a saude psíquica é se manter em equilibrio, estar em paz consigo mesmo. Mas as oscilações de conflito, de dor, de infelicidade, são muitas vezes mais necessarios para a saude da alma do que a acomodação.

A maior riqueza interior, as forças criativas, as faculdades de genialidade humana, são ao mesmo tempo um dom e um perigo, uma oportunidade de progresso e tambem perturbações. Como exemplo os genios, os artistas, os paranormais...

Assim podemos concluir que o sofrimento que brota da neurose é necessario para o caminho evolutivo humano, para que a gradativa harmonização amadureça e faça nascer a luz da consciencia e sua totalidade.

Para isso é necessario o reconhecimento e a aceitação de sua natureza inferior, o seu lado obscuro - para transforma-lo, estimulando assim sua natureza superior.

Não por acaso, o símbolo da evolução é uma espiral – onde a cada progresso vemos um aparente regresso.

Somos sempre colocados em confronto com a necessidade de conciliarmos os opostos.

                                                                                                                     
                                                                                                                         Edson Salgueiro